quinta-feira, março 01, 2012

quarta-feira, novembro 19, 2008

The Clash, Clarisse, e a vida

Entrei em casa e coloquei um velho som do The Clash pra rolar, afinal se era pra me sentir com um bocó era melhor me sentir um bocó ouvindo "train in vain".
Estava pra baixo me sentindo como um calçado velho que a gente usa muito em casa mas que não saímos na rua por que temos vergonha, e eu me sentia assim por causa de uma mulher, é sempre assim, mulheres, têm o dom de fazer a gente se sentir derrotados.
Tudo começou na primeira vez que a vi, ela tinha o sorriso mais bonito da cidade, era espontânea e tinha um senso de humor que me fazia bem. Mas como sempre, ela tinha um defeito Clarisse era casada com um fazendeiro de outra cidade e pelo jeito o cara tinha muito mais dinheiro do que eu teria se pudesse juntá-lo em três encarnações seguidas. Com o passar dos dias Clarissa começou a rodear meus pensamentos, as vezes bolando aquele baseadinho noturno me perdia pensando no seu sorriso e imaginando meus lábios tocando os seus.
E acho que ela notou isso porque como um vilão de historias em quadrinhos passou a usar seus encantos cada vez mais, ela havia se tornado a minha criptônita, eu não conseguia mais me concentrar em nada quando ela passava na minha frente.
As vezes ela me dava mole, trocamos alguns carinhos mas sempre ficando naquele limbo entre um beijo e um cumprimento. Eu não estava me incomodando com isso, bem, até esta manhã quando mais uma vez, meu imã interno pra confusão entrou em modo evolution.
Eram antes das 8 da manhã e eu aproveitando as facilidades de estar vivendo em uma cidade do interior, caminhava para o trabalho, ouvindo um bob marley no mp3 e mais uma vez perdido em meus pensamentos sonhando com lábios carnudos, sorrisos de pérola, seios avantajados e o resto.
Mas, como eu disse, a confusão veio ao meu encontro
"O piá, ocê é que é o Clóvis???"
"Hã, depende" - Eu disse olhando os quatro brucutus que desceram da caminhonete (mais cara que meu apartamento ) empunhando pedaços de madeira , enquanto minha única arma no momento eram meu cérebro e meu mp3. Como acho que meu tocador de musicas não ia causar muito estrago aos quatro cavalheiros postados na minha frente resolvi usar o cérebro e engatar um dialogo non sense meio Monty Python, meio Guy Richie pra ver se me livrava de uma possível confusão.
“Como assim depende??”
“Ué, existem uns dois milhões de Clóvis no mundo, pode ser que eu não seja quem você está procurando”
“Ocê que ta saindo com a Clarissa?”
“Não, to indo trabalhar, trabalho em cartório”.
“Não perguntei onde você trabalha, to perguntando da Clarisse”.
“Que Clarisse? A Lispector...acho que ela escreve bem mas não a conheço pessoalmente?”
Nisso o motorista da caminhonete me bateu com o chaveiro em forma de cavalo onde ficava a chave caminhonete gigante.
“Você é engraçadinho hein?”
“Obrigado, vou fazer um show de comédia pra sua mãe pra Clarisse assim que descobrir quem é ela”.
Os caras não tinham o meu senso de humor e eu levei uma chuva de socos e pontapés antes de poder pensar em correr. Mas, em compensação, um deles disse.
“Deixa esse pau no cú aí, deve ser o cara errado”
Depois de conferir que não tinha nenhum osso quebrado, me levantei dolorido como se tivesse passado por um moedor de carne resolvi ir pra casa fumar um baseado e ligar pro cartório alegando uma diarréia e passar o dia em casa remoendo meus sentimentos e amaldiçoando a Clarisse.
Só que logo após o banho recebo uma mensagem de texto no celular, é ela.
“Quero te ver, o Roberto viajou para o Paraguay e só vem a noite, em vinte minutos eu tô no seu apê”
E em menos de quinze ela estava em pé na minha frente com aquele sorriso lindo, vestida pra matar, rindo do sufoco que eu havia passado e dizendo uma única frase
“Vamos trepar, agora! “
Por acaso, algum do leitores achou que eu diria não?
Só que agora depois de levá-la até a portaria do prédio e voltar pra casa me sinto um cara derrotado e imaginando quando o Roberto vai saber que eu sou o Clóvis certo.
Bom, vou esquecer tudo isso servir uma vodca e continuar ouvindo meu velho rock inglês enquanto me perco entre os lábios e as curvas de Clarisse.

segunda-feira, março 24, 2008

Cadê as suas meias??

Deve estar fazendo uns quarenta graus à sombra, estou suando feito um porco velho. Se fosse em outra situação poderiam pensar que eu estou com medo e talvez ja esteja até borrado.
Acontece que não tenho medo, não por coragem ou algum outro motivo nobre, mas simplesmente por que nos 10 últimos anos já fiz essa operação centenas, talvez milhares de vezes. Mesmo sabendo que estou vivnendo em uma cidade fronteiriça e que se me pegarem com qualquer quantidade da "mercadoria" no bolso, ainda mais aqui num bar quase dentro da rodoviária, pego no mínimo 15 anos por tráfico de drogas internacional.
Foda-se, tô vivendo num degredo auto-imposto pra me livrar de drogas mais pesadas, mulheres que querem meu saco e figado fritos, de cobradores que me ligavam de hora em hora, de propostas de emprego indecentes, da minha mãe, do meu pai, enfim to tentando dar um jeito na minha vida, que nos últimos tempos tem andado tão pra trás que as vezes me sinto o Michel jackson fazendo seu famoso moonwalker.
Mas voltando a operação de compra, meu fornecedor parece mais apavorado que eu, ou ele é novo no serviço ou nunca encontrou um usuário tão contumaz e relaxado de erva quanto eu. Afinal um traficante que fica toda hora olhando pros lados como se estivesse muito afetado de pervitin e esbugalha os olhos quando um distinto cliente lhe pede apenas 50 g de erva da boa pra passar o fim de semana??? Não importa depois de me dar uma canseira de de vinte minutos o cara me chama na porta do banheiro e me pede pra entrar com ele, olho pra trás e toda aquela escoria humana, que deve ter uma vida um pouco melhor que a minha, mas ainda assim está num bar de rodoviária numa segunda feira às três da tarde, me olha faz com que eu quase possa ouvir seus pensamentos " porra, viadagem a essa hora". Mas, como eu sempre digo, foda-se. Entro naquele banheiro que cheira e aparenta ter sido usado por ogros vindos do inferno, de tão sujo e fedorento, pego meu tabletinho e ponho no bolso da frente da minha velha bermuda jeans e vou saindo faceiro quando o traficante travado de pervitin me pergunta:
-Você vai levar isso aí assim ? tá fazendo volume no bolso
Finjo que não ligo e vou saindo, mas a porra da anfetamina do cara deve tá começando a bater agora e ele quer papo, me oferece um conhaque. Naquele bar, em circunstancias normais, eu nao beberia nem uma coca em lata mas, como as mães sempre te ensinam: " Meu filho nunca deixe um trafica travado de anfetamina e com um 38 no bolso falando", eu decido tomar um conhaque com coca cola, afinal puro, nesse calor não rola.
Vinte minutos depois, eu pensando "porra quarenta minutos pra pegar 50 g é de fuder", chega um outro cliente e interrompe a história de meu interlocutor sobre um voyage 86 que ele tinha. É minha deixa , antes dele se levantar eu ja estou na rua, mas a coca cola me deixou com a bexiga estourando, resolvo que o banheiro da rodoviaria, que é pago, deve ser limpo o suficiente para que eu possa dar uma mijadinha.
Surpresa das surpresas, assim que entro no banheiro com 50 gramas de erva do Paraguai no bolso cerca de oito policiais que estão lá dentro fazendo não sei o que, param o papo e olham pra mim e durante uns trinta segundos fica aquele silêncio incomodo, eu olhando pra eles, eles olhando pra mim até que meu intestino resolve intervir, dou um dos meus melhore peidos até hoje, é um daqueles sonoros e que chegam a arder o nariz de quem está por perto.
Olho nos olhos do policial mais mal-encarado do banheiro e digo:
-Desculpe, mas tô apertado.- e vou entrando num dos boxes de privada que graças a deus estão limpos.
passo mais uns 20 minutos despejando uma merda fedorenta como uma carniça do capeta naquele banheiro branco e bege e torcendo pra que seja tão fedida que os policiais saiam dali. Quando termino de cagar noto que não há papel higiênico no banheiro sem pensar duas vezes tiro as meias novas que uma paquera me deu e limpo o rabo. abro a porta de solsaio e vejo a banheiro vazio. Penso beleza, saio novamente faceiro e quando estou pra sair da rodoviaria um policial, daqueles que estavam no banheiro quando entrei me pergunta se estou bem ao que eu respondo com um sorriso amarelo:
- Tô legal, foi só uma coxinha que eu comi
-Coxinha de urubu né? - Ele responde.
- Deve ser - eu falo sorrindo
- Cadê suas meias? Você estava de meias quando entrou no banheiro.
- Não tinha papel .....
E continuo meu caminho.

sexta-feira, agosto 17, 2007

Me deixa tomar cerveja em paz.

He heh heh, enfim, seis meses passaram rápido nem me lembro mais de como cheguei aqui. Só sei que com alegria escuto o guarda fechar a tranca das gradese deixo para trás o cheiro de mofo e carceragem que adquiri neste lugar.
Ao atravessar o portão principal tenho a visão que me fez aguentar quieto estes seis meses, não tem mulheres ,nao tem parentes, ninguém que venha me encher o saco dizendo que sabe como é passar um tempo vivendo como um sabiá enjaulado. Mas está lá, tudo que pedi ao Clóvis, meu advogado. A minha moto, a minha velha jaqueta preta e a mala com a grana que pedi pra ele deixar na porta do presidio.
Atravesso a rua sentindo o sol de outono recarregar minhas baterias e pensando que direção tomar. Resolvo conferir se a grana realmente está na mochila, confio no Clóvis, mas ele é advogado né, e pra essa raça nao é bom dar 100% de crédito. Dessa vez ele foi além do combinado deixou a grana e um maço de malboro. Noto que ele está a uns dois quarteiroes na frente só observando, olho pra ele e aceno ligeiramente com a cabeça. Ele acelera com força o velho Camaro 69 que restauramos juntos.
Esses sinais, para outras pessoas nao significam nada, mas para nós é algo como uma grande reunião e e demonstração maior de afeto e agradecimento que podemos ter.
Monto na minha Shadow 750 dou duas aceleradas grandes olhando o camaro e resolvo seguir para o sul.
Com o dinheiro que tenho da pra chegar com calma e bem até Mendonza e acertar algumas contas com os caras que me fizeram passar seis meses vendo o sol nascer quadrado.
Oito horas e mil quilometros mais tarde estou num bar sujo numa quase cidade no interior do paraná tentando tirar a poeira vermelha da minha garganta com uma cerveja gelada qunado entra ela.
Linda, como se fosse uma personagem de um filme do Tim Burton, branca como a lua cheia, de cabelos negros como a noite e um corpo de quebrar maldições. Ela passa os olhos pelo bar, como se estivesse procurando alguém, e para justamente em mim. Joga um mochila na mesa me dá um beijo cinematográfico e diz:
-Guarde pra mim.
Depois sai correndo pelos fundos como se estivesse figindo da morte, não entendo nada e continuo com minha cerveja.
Um minuto depois entram no bar quatro manés mal-encarados segurando facas e pedaços de pau , me olham como se eu fosse um ET me parguntam sobre a garota. Digo que nao sei de nada, mas um idiota (sempre tem um idiota) derruba minha cerveja e me dá um soco no peito.
Olho para o lado e alcanço um taco de bilhar com o qual num movimento unico derrubo dois dos brucutos e olho no fundo dos olhos do cara que parece ser o chefe da gangue.....



Continua.......

terça-feira, julho 10, 2007

Como é legal encontrar velhos amigos.

hã?!?!?
Ele se surpreende ao ouvir uma voz conhecida chamar pelo seu apelido, afinal faz alguns meses que não encontra ninguém do seu convivio, talvez pelo fato de estar na Bolivia, ou talvez pelo fato de nao estar usando mais cocaína. Tanto faz, o importante é que ao olhar para trás lá está ela, envergando a velha camiseta do The doors ( me pergunto se ela sabe o nome de algum integrante alem do Jim...) com o cabelo solto e uma garrafa de budweiser na mão.
-Puta que o pariu, o que vc tá fazendo aqui cara ??
- Fugindo de pessoas iguai a você! - eu penso- estou viajando de férias - respondo.
Porra quanto mais eu fujo, mais as vida da qual eu estou tentando me livrar mais surgem restos dela escapando pelas frestas.
Andamos até o bar mais sujo à nossa vista e ela me diz algo sobre viagem espiritual, peyote, e transcendencia mistica. Tomo um gole de cerveja, e balbucio algumas palavras sobre como ela esta bonita (mentira, mas acho que um tarde de sexo com uma louquinha na primavera boliviana vai cair bem nas minhas memorias).
Menos de trinta minutos depois estamos a caminho de um hotel barato em Puerto Quijarro, eu com minha velha mochila preta apenas com coisas de uso pessoal e ela com uma mochila estilo hippie abarrotada de grande parte das drogas ilicitas conhecidas.
Bom, só me lembro de quatro dias depois to numa ressaca desgraçada num quarto de hotel imundo com pilhras de garrafas long neck de budweiser num canto, pontas espalhadas
e uma calcinha com um bilhete agradecendo por eu ter ajudado a descobrir o animal interior dela!?!
Bom pelo menos acho que nao acho mais nenhum conhecido aqui

sábado, junho 23, 2007

Dinovo

Como um mestre ninja velho, calçando sandálias sujas e sorrindo sem dentes para a morte. Aquecendo minhas mãos geladas nos bolsos da velha roupa doada palo imperador, que após várias doses de rum, distribuía ouro negro. O rum, essa merda, trazidas pelos estrangeiros é o demoônio engarrafado e faz com que cavalheiros cordiais se portem como bandidos brutais. Mata um homem e come. Também estou. baby.
a Velha poeira vermelha do noroeste de sp me deixa como um velho carro norte-americano

10 mãos

Enquanto tudo parece certo, quem perde ganha. Após verificar a garrafa de vodka vazia, saiu a passos tortos.

Frases

Parabéns, cara!
Pode beber agora. Limpou a cinza do cigarro que havia caído na calça jeans e deu mais um trago.Com movimentos lentos, levou a mão ao copo e o copo a boca, e fechou os olhos. Agora lembrava-se.
Ouvindo os novos jazz bombando no velho continente com minha garota e meus bons brothes, sinto meu corpo flutuar, como se fosse um balao de hidrogenio, e penso:
- Garças não são animais tão sem-graça
, mas a vida é mesmo engraçada, pois sempre que pensando que estamos indo, na verdade estamos vindo...
Bem, na verdade estávamnos "muto loucos!
A idéia foi minha:
- Então vamos?
- Eu não sei... Mas acho...


Estou mudando muito, acreditando mais, passando por mudanças que sempre achei impossiveis de acontecer em minha vida...agora,estou cercada de pessoas que fazem parte, e que jamais poderei esquecer...afinal...apredendo cada dia mais com cada um!
São pessoas que me ensinaram a cobrar menos de mim, a sorrir dos meus erros...e a acreditar que tudo é possivel!
várias geladas depois..... to vendo tudo em sistema dual video ( td duplo!).... porra ! Eles estão desrespeitando o velhoNat Wilder
Hoje todo eles estão rindo de cada coisa que faço, chego até me sentir ridicula por isso, mais acredito que eles estão se divertindo como eu!!
Mais eu me divirto muito mais com eles...fazem com que eu esqueça o quão dificil é estar nessa vida insossa que levamos..sendo oq não somos e o q não queremos ser para sermos um pouco dignos dessa sociedade que impõe que a gente faça sempre o ridiculo de não sermor oq somos!!!
Depois de horas, desperta. Crê que tudo é correto e faz sentido. Bobagem.....acende um cigarro, vai cambaleando até a geladeira, onde uma garrafa de água gelada o aguarda. Abre e logo desiste, não resisitindo a tentação de uma cerveja que lhe sorri da prateleira de cima. Fecha a geladeira e num movimento brusco vira-se, pisando no rabo do cachorro. Merda, nunca percebia a judiação que causava em quem mais gostava.
Brisa?
Vai saber.
Nessas horas ninguém tem certeza.
Disse um literato: "...a Viver é uma coisa perigosa...".
Sempre preferi Clarisse: Ambos em museus... Já imaginou, alguém que você não conhece, um texto qualquer - igual esse -, algo tipo uma: ... Uma brisa? Será que nesse universo:
- Seus sentimentos são só seus?
Poderá um dia viver junto dos ditos "normais".
Sente que após fechar os olhos tudo fica estranho. Acorda sobressaltado e respira fundo, fugindo de mapas não riscados, que levam a todo e qualquer lugar.
Finge-se de sério e veste-se à risca. Toma uma pinga, sorri e acena para o padre, que na porta da igreja procura as criancinhas mais belas para arrebanhar. Então esquece-se de comprar o jornal, caminha mais alguns passos e encara a metrópole. Covarde, não percebe o quanto tem de ter atitude. Não sabe ao certo se a melhor solução é aquela que lhe parece honesta. Repara então aquela garota de olhos claros e sombra negra nas pálpebras, calça de couro colada ao corpo e decote provocante. Por um momento, vai para outra brisa;
Sendo assim, prefiro o paraíso pelo clima e o inferno pela companhia.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

A caixa - por Rodrigo Pinto

Almet caminhava pelo deserto, suando e com um cajado na mão direita, apoiando-se nos cactos e pedras no caminho. Era meio-dia e o sol castigava seus olhos e a boca seca. Parou e procurou o cantil amarrado na cintura. Levou-o a boca e tomou alguns poucos goles, economizando o precioso líquido. Faltavam seis quilômetros para a vila, uma boa caminhada para um homem que já havia percorrido mais de 15, desde o nascer do sol. Tinha ido com uma missão até a casa de Rafath, no vilarejo vizinho, buscar especiarias e mantimentos. Por isso, vinha com uma grande mochila nas costas, e também a responsabilidade de alimentar os quatro filhos que o aguardavam com sua esposa, Ramef. Depois de tantas horas de caminhada, Almet já não pensava com clareza. Vinha com a vista turva, as mãos calejadas, e as pernas doendo. Foi quando tropeçou em alguma coisa, e foi ao chão. Preguejou com raiva e foi ver o que o havia derrubado. Observou com atenção e seus olhos brilharam ao perceber uma caixa de madeira, toda entalhada com símbolos que ele nunca havia visto. A caixa era pequena, então Almet apanhou-a e guardou num canto da mochila. Continuou sua caminhada mais tranquilo, e a mochila lhe pareceu mais leve. Não tinha mais dores nem sede, então rapidamente chegou a sua casa. Ficou muito contente em rever a família, e foi para seu quarto descansar. Observou sua mochila encostada num canto, e lembrou-se da estranha caixa. Pegou-a e examinou minunciosamente, cada símbolo, cada detalhe da caixa. Então resolveu abri-la. Decepcionou-se. Havia apenas um pedaço de pergaminho enrolado. Contrariado, desenrolou-o e leu : " Esta é a caixa de Menfarej. Deposite aqui sua dor, e nunca mais a verá. Entretanto, cuidado. O que lhe parece doloroso, pode ser seu maior tesouro." Com essa nota enigmática, Almet fechou-a novamente e foi dormir.
No dia seguinte, Almet é surpreendido com a notícia da morte de seu velho pai. Al-Elmet estava doente havia muitos meses, e já era sabido que cedo ou tarde, ele padeceria. Mas mesmo assim, Almet sofre demais. Chorava o tempo todo, e durante o funeral, não conseguia se controlar. Chegando em casa, lemrou-se da caixinha e foi até onde ela estava guardada. Abriu-a e não encontrou o pergaminho. A caixa parecia esperar que ele depositasse algo ali. Então ele concentrou-se firmemente, pediu paz e que aceitasse a morte de seu pai. No instante seguinte, Almet sorria. A caixa mostrou-lhe seu pai entre anjos, saudável e sorridente, no paraíso. Almet olhava para o fundo da caixa e assistia aquilo como um filme. Estava feliz. Quando fechou-a, sentiu uma sensação de paz invadi-lo. Conforto. Então Almet soube que tinha encontrado uma caixa mágica, com certeza. Assim, Almet foi vivendo sua vida, sem preocupar-se com o que viesse de ruim. Confiava na caixinha. Quando seu filho mais novo adoeceu, Almet não quis saber de médicos ou hospitais. Almet correu à caixa. Abriu-a e mentalizou seu filho doente. O quanto ele estava sofrendo por ver seu filho moribundo.
A história termina com Almet procurando desesperadamente seu filho que havia desaparecido misteriosamente do berço.